top of page

Com ameaça de demissão em massa, empresários tratam a pandemia como oportunidade para ampliar lucros


O Governador Paulo Câmara precisa chamar uma reunião entre os patrões e os trabalhadores rodoviários para intermediar uma saída que signifique garantias e proteção da saúde e do emprego


Além das corretas e necessárias medidas de caráter sanitário e do direito ao isolamento social defendidos amplamente por autoridades médicas no mundo todo, compreendemos que a manutenção dos postos de trabalho e a consequente manutenção da renda são condições mínimas indispensáveis para que os trabalhadores possam se proteger do Coronavírus e para que consigamos vencer a pandemia. Neste sentido, nos somamos aos amplos setores sociais, especialmente os mais vulneráveis socialmente, que assistiram abismados ao pronunciamento do Presidente Bolsonaro, de total desdém com a proteção da vida.

Sobre este debate de como enfrentar a ameaça da doença, acreditamos que o Governador Paulo Câmara se posicionou corretamente ao não concordar que os interesses econômicos de uma minoria rica se sobreponham à saúde da ampla maioria do povo. Esperamos que o Governador mantenha a coerência com esta crítica, pois os rodoviários do Recife e Região Metropolitana estão, a partir de agora, fazendo um apelo público para que o Governo do Estado, responsável direto pela gerência do sistema de transporte coletivo, cumpra um papel importante para evitar que sejam concretizados os planos de demissão em massa que os donos das empresas de ônibus apresentaram à direção do Sindicato dos Rodoviários.

Falar em demissão neste momento é contribuir concretamente para aprofundar o quadro de crise do Coronavírus. As poucas famílias proprietárias das empresas de ônibus da região, que lucraram por décadas na exploração deste serviço que o poder público lhes concedeu, devem ser chamadas a dar a sua parcela de contribuição. Não podemos permitir que motoristas, cobradores, fiscais, pessoal da manutenção e dos setores administrativos das empresas do setor, cerca de 20 mil trabalhadores ao todo, se vejam sem seus empregos no momento em que estes e suas famílias estão mais vulneráveis.

Há muito tempo, os empresários do setor vêm implementando um plano de demissão na categoria, afastando os cobradores dos seus postos de trabalho e obrigando o motorista a acumular funções, o que põe em risco estes profissionais e os usuários do transporte. Por conta de uma determinação de Paulo Câmara, em 2017, os empresários do setor não puderam, de imediato, demitir em massa os cobradores, o que poupou cerca de 7 mil empregos no estado. Agora, os empresários estão usando o pretexto do Coronavírus para implementar as demissões que não conseguiram fazer antes e ampliar assim os seus lucros.

Diante disso, o Sindicato dos Rodoviários pede que o governo convoque com urgência uma reunião entre a patronal e a entidade representativa dos trabalhadores. O Governo precisa ser coerente com a postura que vem tomando no enfrentamento à pandemia: é preciso priorizar as pessoas, não os lucros.

bottom of page